Candidatos à Presidência, Lula e Geraldo Alckmin se alfinetam em debate da Band
Presidenciáveis Geraldo Alckmin e LulaMilitantes dos dois candidatos tomam as ruas próximas ao estúdio da Band, na zona sul da capital paulista para assistirem ao primeiro debate dos Presidenciáveis neste segundo turno, na noite deste domingo (09/10).
Com bandeiras e faixas, os militantes petistas gritam "1, 2, 3, é Lula outra vez".
Do início ao fim, o debate dos candidatos à Presidência foi àspero onde Geraldo Alckmin e Lula trocaram farpas e 'gentilezas'.
Ao chegar ao estúdio, Alckmin disse que participa do debate por respeito ao eleitor. "O eleitor é muito sábio", afirmou. Já Lula disse que sempre esperou que estivesse participando do segundo turno, e citou a vitória de Allende, no Chile, para permanecer otimista. Lula chegou à Band cercado por seguranças, ao lado da primeira-dama, Marisa Letícia. Alckmin também chegou acompanhado pela esposa, Lu Alckmin, em um táxi.
No último debate do primeiro turno, na TV Globo, o tucano chegou de helicóptero. Lula não participou. Marco Aurélio Garcia, coordenador nacional da campanha de Lula e presidente do PT, afirmou que não considera ter sido um erro o presidente não ter participado dos debates do primeiro turno. Ex-secretário de Educação de São Paulo, Gabriel Chalita, disse que Lula agora não tem como fugir no debate. "Geraldo tem uma postura mais técnica, de alguém que estuda os problemas do Brasil", disse. Para Chalita, o povo não vota mal, vota "mal informado".
Abertura
O jornalista Ricardo Boechat abre o primeiro debate entre Lula e Alckmin, candidatos à Presidência da República. Boechat pergunta a Alckmin se concorda com o corte de despesas na previdência para fortalecer o crescimento econômico. Alckmin cumprimenta Heloísa Helena e Cristóvam, alfineta Lula por ter "fugido" dos debates no primeiro turno e responde que cortará gastos, mas não da Previdência, mas sim da "corrupção e da ineficiência". Lula ataca e diz que Alckmin utiliza chavões decorados para participar dos debates. Afirma que o governo tucano corta gastos onde não deve e diz que "ele deveria começar este debate me agradecendo por ter salvo este País". Alckmin acusa Lula de não ter respondido sobre o corte de gastos e pergunta a Lula, como chefe da Nação, "de onde veio o dinheiro sujo, R$ 1,7 milhão para comprar um dossiê fajuto"? "Eu quero saber quem arquitetou este plano maquiavélico" porque o único ganhador foi o meu adversário. Lula afirmou que sua candidatura foi prejudicada pelo escândalo e defendeu a Polícia Federal, que "não faz pirotecnia, investiga". Alckmin ironiza a resposta de Lula dizendo que ele não teve a menor curiosidade em perguntar a colegas sobre a origem do dinheiro. "Olhe para os olhos do eleitor e responda da onde veio o dinheiro", pergunta Alckmin enfaticamente. Lula diz que não é policial, lembra que as pessoas envolvidas foram afastadas e que a polícia investigará. "Não cometerei injustiça", disse. Lula pergunta a Alckmin sobre o envolvimento do tucano Barjas Negri, ministro da Saúde no governo FHC e ex-secretário de Alckmin em São Paulo, sobre o escândalo das sanguessugas. Alckmin afirma que "não se refere ao meu governo, se refere ao governo passado e tem que se investigar". Alckmin diz que Lula não tem moral para falar de ética. Na tréplica, Lula lembra que 69 CPIs não foram instaladas em São Paulo "não sei a que preço". Lula acusa Negri de 102 condenações provisórias e acusa o ex-governador Alckmin de não saber sobre o envolvimento de empresário tucano em fraudes. Citando Roberto Jefferson, Alckmin lembra todos os escândalos que envolveram o governo Lula nos últimos anos, desde o mensalão revelado pelo ex-deputado do PTB. Marta Suplicy, coordenadora da campanha de Lula em SP, ironizou o desempenho de Alckmin, dizendo que "ele foi muito bem ensaiado".
Segundo bloco
Mais de 300 pessoas estiveram na platéia, no estúdio da TV Bandeirantes, no Morumbi em São Paulo. No segundo bloco Lula pergunta para Alckmin sobre as CPIs que não foram instaladas em São Paulo enquanto era governador de SP. "Por que nenhuma das 69 CPIs foi implantada?"O candidato tucano volta a perguntar sobre o dinheiro do dossiê dizendo que "é só chamar os seus amigos de 30 anos e perguntar". Alckmin alfineta Lula ao dizer que ele está lendo as perguntas e responde a pergunta dizendo que as CPIs tinham temas como "apito, futebol" e sobre o Rodoanel, Alckmin justificou dizendo que foi uma obra barata. Na réplica, Lula afirma que parte do dinheiro do Dose Certa vem do governo federal. Lula ironizou Alckmin. "Parece que fez aulta de psicodrama para decorar". E pergunta qual é a diferença entre os dois governos em política social. "A primeira diferença é de caráter", respondeu prontamente. "Nunca antes tivemos cinco ministros denunciados", atacou Alckmin, citando José Dirceu como o "chefe da quadrilha". Lula rebate dizendo que o Valerioduto começou em Minas Gerais, no governo tucano. O presidente afirmou que "cortou na carne" após as denúncias. "Depois que o senhor fizer todas as acusações, quero discutir governo", sugere Lula. "Não respondeu" e "Não fala a verdade", replica Alckmin. O tucano lembra o caso do caseiro Francenildo no escândalo da quebra de sigilo que envolveu Antonio Palocci. "Um erro não justifica o outro", disse o tucano. Lula treplica afirmando que "um dia a Justiça vai descobrir tudo". Lula pergunta "onde começou a compra de voto?" e insinua que foi na aprovação da reeleição, no governo de FHC. Lendo, Lula pergunta qual é a política para o Bolsa Família. Alckmin responde que "quem escreveu, escreveu errado" e corrige o número de famílias atendidas de 170 para 170 mil no programa habitacional de SP. O candidato petista acusa Alckmin de omitir os fatos. Lula compete com o governo tucano comparando os números dos dois governo, dizendo que atendeu a 11 milhões e 3 anos. "Leviandade é omitir que foi FH que criou o Bolsa Escola", respondeu Geraldo Alckmin. Ele fez uma denúncia, sobre o aplauso do Kofi Anan (secretário-geral da ONU), mostrando falsamente uma imagem com o presidente. O mediador Ricardo Boechat consultou a produção do programa sobre as acusações de "metiroso". Após manifestação da platéia, o jornalista disse que não será concedido o direito de resposta a nenhum dos candidatos. Alckmin pergunta quanto foi gasto no sistema único de segurança e na inclusão digital no governo Lula. O presidente cita números de aumento de investimento em tecnologia e educação, em crédito para inclusão digital e citou investimentos no biodiesel. "Pergunte para os institutos de pesquisa", desafiou Lula. Lula acusou os tucanos de "privatizar, privatizar, privatizar" e afirmou que seu governo é "social, social, social". Alckmin comparou os gastos do governo em viagens presidenciais com o investimento no aparelhamento do Estado e na segurança pública. O tucano pergunta sobre o crescimento do cartão de crédito de gabinete. "Não seja leviano", disse Lula repetidas vezes. E provocou Alckmin dizendo que "essa bravata sua não vai convencer ninguém". Lula pergunta a Alckmin porque a sobriedade administrativa que aparenta não deu resultado na CPI e na adminstração da Febem. "Se precisar de ajuda, pode pedir", ofereceu ironicamente. Alckmin lembra que Lula não respondeu à pergunta anterior e acusa Lula de ter cortado dinheiro. "SP trabalhou sozinho", afirmou. O tucano ironizou Lula dizendo que ele "é um bom comentarista". Alckmin disse que levou ao Congresso Nacional propostas para melhorar a situação da criança e do adolescente. "Alckmin é um bom falador", satirizou Lula. O presidente afirmou que "quem cuidou da educação de SP foi o governo federal". Na tréplica, Alckmin afirma que Lula não conhece a Febem. O tucano acusa o governo federal de fazer muita propaganda de projetos que não existem de fato. O candidato do PSDB cita a frase de Lula de que a saúde no Brasil está quase perfeita e pergunta porque o governo Lula cortou gastos na saúde e não colocou hospitais para funcionar. Na resposta, Lula volta à questão anterior, sobre os projetos que ainda não saíram do papel, como a Transnordestina. Na questão da saúde, Lula cita o crescimento de postos de atendimento, a criação da Farmácia Popular, "além de 74 hostpitais que estão sendo reformados". "Não queria que em 4 anos eu conserte o que vocês destruiram em 4 séculos", alfinetou Lula."O PSDB não tem 4 séculos", ironizou Alckmin. O candidato citou obras que não foram finalizadas e perguntou porque aumentou os impostos de empresas de saneamento básico. Lula afirmou que esperava que o candidato tucano fosse agradecê-lo pelos investimentos em SP. "Pergunte para os prefeitos para saber se houve algum governo que investiu mais em saneamento básico como o nosso", provocou se referindo a José Serra, ex-prefeito de SP e governador eleito do Estado.
Terceiro bloco
No terceiro bloco, candidato pergunta para candidato. Lula pergunta ao ex-governador de SP sobre segurança pública e o PCC, que "tomou conta de SP". "Lula se comporta como comentarista, ele não enfrenta o problema", acusa Alckmin. O tucano citou números de investimentos em presídios e acusou Lula de não cuidar das fronteiras para deter o tráfico de drogas. Na réplica, Lula pede licença para ler novamente e cita cortes em segurança realizados pelo então governador. Na tréplica, Alckmin diz que a polícia de SP é quase maior que o Exército. Lembrou que a pedido da União, recebeu Fernandinho Beira-Mar no presídio de segurança máxima. Alckmin pergunta a Lula sobre a política externa, citou derrotas diplomáticas do governo na ONU e na América Latina. "Por que não defender os interesses do Brasil", pergunta. Lula responde reconhecendo que não se pode ganhar sempre, mas que a política externa brasileira é ousada e citou negociações políticas e comerciais bem sucedidas internacionalmente. Sobre o diálogo com a Bolívia, que nacionalizou o gás, disse que teve de ser cauteloso. Alckmin acusou o presidente de "fraco" no caso da crise diplomática com a Bolívia, por não proteger os interesses da Petrobras. Lula novamente ironizou o candidato Alckmin ao afirmar que ele "pensa que ainda estamos na guerra fria" e comparou o tucano a Bush. Lula pede a Alckmin que "presenteie" o público com programa de governo. "Qual é a sua proposta para a questão energética brasileira", pergunta. Alckmin ressaltou o baixo crescimento brasileiro e o problema da falta de energia, que antes tinha razões hídricas e hoje sofre de falta de investimento. Criticou a tolerância de Lula para com o MST e acusou o governo de não investir em geração de energia, inclusive em gás natural e na usina Angra 3. Na réplica, Lula acusa Alckmin de "não estudar o assunto". Lula lembrou que neste ano o Brasil atingiu a auto-suificiência na produção de petróleo. Na tréplica, o tucano acusou Lula de não ter um projeto de hidrelétrica pela "inoperância". Alckmin pergunta porque o governo ficou três anos sem investir em estradas e quando fez a Operação Tapa-Buraco, o fez sem licitação. Lula responde que as restaurações eram urgentes, não apenas estradas, mas aeroportos também. "Quando vocês governaram o Brasil, vocês não acreditavam que o Brasil pudesse crescer. Vocês pensavam pequeno", criticou Lula. "O mundo dele é virtual. Ele anda de Aerolula", alfinetou Alckmin, acusando Lula de não conhecer a realidade das estradas. "Ele sabe tudo sobre o governo de FH, pena que não saiba nada sobre o seu governo", alfinetou Alckmin. Lula pediu a Alckmin que reconheça as conquistas de seu governo e afirmou que o tucano está fazendo um "papel pequeno", mas que reconhece a necessidade de atacar por já ter sido candidato da oposição em outras 3 eleições.
Quarto bloco
No quarto bloco, quatro jornalistas do grupo Bandeirantes fizeram perguntas aos candidatos. Franklin Martins perguntou a Lula por que ele sempre afirma que não sabia sobre os escândalos de seu governo. "Exatamente por isso quero ser reeleito", diz Lula. Ele justifica que antes se jogava tudo para embaixo do tapete. Lula disse que perdeu companheiros do partido de muito tempo e irá fazer o mesmo se for reeleito. "A lógica da ética é punir quando acontece", respondeu. "Fico muito triste quando acontece uma coisa que envolve um companheiro meu". "Eu sou responsável por tudo, mas nenhum pai de família sabe de tudo". Alckmin comenta a resposta de Lula chamando-o de "arrogante" e diz que não são fatos isolados. Na tréplica, Lula disse que Alckmin também disse que não sabia sobre o PCC. Disse que sairá do debate triste porque Alckmin foi "mesquinho" ao criticar a compra do avião. O jornalista Fernando Vieira de Melo pergunta, citando o caso do criminoso Champinha (menor que assassinou um casal de namorados em SP e que será libertado por completar 18 anos) se Alckmin irá lutar pela redução de maioridade penal. Alckmin responde que é contra a redução, mas sim do aperfeiçoamento do Estatuto da Criança e do Adolescente. Defendeu que ao completar 18 anos, o interno da Febem pode ser desinternado ou ir a uma unidade prisional em áreas separadas. Lula comenta a resposta do tucano afirmando que o problema da segurança pública não pode ser jogada "de um para o outro". Alckmin diz que irá propor alteração da Lei de Execução Penal e volta a falar sobre o aerolula. "Eu vou vender esse aerolula e fazer 5 hospitais", disse Alckmin ao afirmar que nem o Papa tem avião. O jornalista José Paulo de Andrade observa que o Brasil vive hoje uma crise moral. O jornalista pergunta a Lula o senhor fará para resgatar os princípios. Lula diz que o Brasil tem problema de desagregação, "a mídia tem parte nisso, os políticos têm parte nisso e a sociedade tem parte nisso". Lula sugere que o financiamento (ilegal) de campanha se torne crime inafiançável, assim como sonegação de imposto.Alckmin afirma que vendeu os dois aviões e doou os dois helicópteros à PM. Em relação à corrupção, "o exemplo vem de cima", disse. Chamou Lula de arrogante e sem moral para falar de corrupção. Na tréplica, Lula afirma que não deixou ninguém impune e que foi no tempo do PSDB que isso começou. "61% dos crimes que a PF descobriu vieram antes de 2003", acusou. O jornalista Joelmir Beting pergunta a Alckmin sobre a redução da taxas de juros e corte de gastos. O candidato tucano acusou Lula de "tartaruga" pelo baixo crescimento econômico e garantiu que fará "os ajustes necessários". Lula ironizou o tucano sobre gastos com publicidade e sugeriu que se investigue a Nossa Caixa. O presidente citou setores da economia que cresceram e com a inflação controlada. Na tréplica, Alckmin criticou o discurso do PT, que sempre criticou a política econômica e acabou fazendo algo até "mais ortodoxo". Alckmin creditou o Risco Lula à falta de credibilidade do governo.
Termina o bloco em que jornalistas fizeram perguntas.
Neste bloco, os candidatos puderam apresentar um pouco mais suas propostas sobre os temas apresentados, além de trocar farpas, como aconteceu nos três blocos anteriores. Alckmin lembra que Lula não respondeu de onde veio o dinheiro, desmentiu boatos sobre privatizações e desafiou Lula a mostrar, em seu projeto de governo, onde escreve que irá privatizar empresas. Lula ratificou que afirmou que tucanos sugerem a privatização da Petrobras. O presidente comparou seu governo com o de FHC e disse que não foi possível fazer tudo. "Não minta, Lula", disse Alckmin.O tucano afirmou que irá distribuir uma cópia do discurso de Lula mentindo sobre as privatizações. Alckmin garantiu que não irá privatizar empresas e nem acabar com o Bolsa Família. Na tréplica, Lula repete que todos sabem que foi o PFL-PSDB que "privatizou o País" e pediu que o candidato não fique nervoso. "Eu te conheço, não faz teu gênero", provocou Lula. Lula criticou o desempenho de alunos em SP no Enem e pergunta a Alckmin qual é sua proposta para a educação. O candidato tucano justifica dizendo que o Enem não é usado para critério de avaliação. Alckmin acusou o governo petista de não aprovar o Fundeb por não ser uma prioridade. Na réplica, Lula ironizou Alckmin por ter ficado nervoso e acusou o ex-governador de manter escolas de lata no Estado. Considerações finais Lula agradece aos brasileiros e diz que está convencido de que pode melhorar o Brasil porque "os alicerces já estão preparados". O candidato do PT garante que irá investir em pólos siderúrgicos, energia e irá gerar empregos. Lula afirma que seu governo está investindo em escolas técnicas e extensão universitária para que o País exporte inteligência. "Até o próximo debate", finalizou. Alckmin lembrou que participou de todos os debates por respeito ao eleitor e afirmou que o PT deixou passar a sua chance. O candidato tucano afirmou seu compromisso com o crescimento econômico, investimento em infra-estrutura, geração de emprego e renda, criação de uma nova Sudene (agência de desenvolvimetno do NE). Diz que irá investir em educação, saúde, começando pelos hospitais federais do Rio. Garantiu que terá pulso firma na segurança pública. "Gosto de gente, por isso vim para política", disse. Pediu o voto de confiança aos eleitores.
Fonte: Site IGAutor: -
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